A suplementação de magnésio em gestantes com pré-eclâmpsia.
O magnésio é um mineral com diversas funcionalidades à saúde. E inúmeros estudos têm sido realizados para investigar seu uso no acompanhamento de gestantes com pré-eclâmpsia.
Embora a etiologia da pré-eclâmpsia ainda não esteja bem definida, há evidências de que há uma disfunção placentária, com subsequente hipoperfusão útero-placentário.
O magnésio vem sendo estudado para a prevenção e tratamento, pois pode levar à vasodilatação e atenuação de agonistas que levam a vasoconstrição.
O que é pré-eclâmpsia?
Pré-eclâmpsia pode ser definida como o início de hipertensão associada à proteinúria ou disfunção orgânica. Ocorre após 20 semanas de gestação em mulheres cuja pressão arterial era previamente normal.
A possível disfunção placentária, com subsequente hipoperfusão uteroplacentário são fatores relacionados a sua etiologia.
Dessa forma, podem ocorrer espasmos arteriolares generalizados, os quais, se o cérebro for afetado, podem levar ao início da eclampsia. Esta por sua vez é caracterizada por crises tônico-clônicas autolimitadas generalizadas não atribuíveis a qualquer outra causa.
A maioria das mulheres com pré‐eclâmpsia finaliza sua gestação à termo.
No entanto, a pré‐eclâmpsia grave pode causar problemas como o acidente vascular cerebral, a insuficiência renal, a insuficiência hepática e o excesso de coagulação do sangue.
Em algumas mulheres, a pré-eclâmpsia pode evoluir para eclâmpsia, onde a gestante apresentará quadro convulsivo.
Tais problemas podem fazer com que o bebê nasça muito pequeno para a idade gestacional (PIG) ou muito precoce (prematuro). Na eclâmpsia tanto a gestante quanto o bebê correm alto risco de morte.
Magnésio e pré-eclâmpsia
Uma conceituada revisão Cochrane concluiu que o sulfato de magnésio pode ajudar a prevenir as possíveis crises de eclâmpsia em gestantes com pré‐eclâmpsia.
Os pesquisadores analisaram os dados de 15 ensaios clínicos randomizados. Nestes compararam anticonvulsivantes com a administração de placebo ou sem anticonvulsivante, ou comparações de diferentes drogas, para o controle da pré‐eclâmpsia.
Eles observaram que o sulfato de magnésio reduziu o número de mulheres com eclâmpsia, mas não melhorou a saúde dos bebês. Também verificaram que sulfato de magnésio acarretou o rubor, como efeito colateral para a mãe.
E afirmaram ainda que o devido acompanhamento das gestantes no pré-natal pode ser uma garantia de redução dos efeitos adversos.
Quantidade de Magnésio e pré-eclâmpsia
Um ensaio clínico randomizado e triplo-cego de PASCOAL et al (2019) teve como objetivo comparar os níveis de magnésio sérico.
Esta comparação foi realizada durante a infusão intravenosa de sulfato de magnésio a 1g/h versus 2g/h, como dose de manutenção para prevenir a eclâmpsia em mulheres grávidas e em puérperas com pré-eclâmpsia grave.
De acordo com PASCOAL et al (2109), os níveis séricos de magnésio foram maiores no grupo de 2g/h, com diferença estatisticamente significativa de 2 horas após o início da infusão de sulfato de magnésio (p=<0,05).
No entanto, concluíram que a terapia com sulfato de magnésio na dose de manutenção de 1g/hora foi tão eficaz quanto a dose de manutenção de 2g, com menos efeitos colaterais.
Como não há maneira confiável de prever qual gestante desenvolverá eclâmpsia, o número de mulheres potencialmente elegíveis para terapia anticonvulsivante é grande.
Como em qualquer terapia profilática, para que o sulfato de magnésio valha a pena para as mulheres com pré‐eclâmpsia, seu uso deve ser seguro para a mulher e para o bebê, além de ser eficaz na prevenção da eclâmpsia.
Considerações Finais
A pré-eclâmpsia é mais comum em países de renda baixa e média.
Embora a eficácia do magnésio na prevenção e no tratamento das convulsões da eclâmpsia já tenha sido estabelecida, o melhor esquema terapêutico e a duração ideal da terapia de manutenção ainda não foram esclarecidos.
Dependendo dos níveis de magnésio alcançados, os efeitos colaterais podem ser menos comuns ou mais comuns.
Portanto, cabe ao profissional prescritor a adequação de uma dose que proteja a gestante contra a pré-eclâmpsia com o mínimo de efeitos colaterais, evitando risco ao bebê.
Referências
PASCOAL, A.C.; KATZ, L.; PINTO, M.H.; SANTOS, C.A. et al. Serum magnesium levels during magnesium sulfate infusion at 1 gram/hour versus 2 grams/hour as a maintenance dose to prevent eclampsia in women with severe preeclampsia. Medicine (Baltimore). v.98, n.32, p.e16779, 2019.

Nutricionista
Diretora PratiEnsino
Preceptora de residência clínica (HUPE/UERJ)
Especialista em nutrição clínica estética e saúde da mulher