Intervenções Nutricionais no Tratamento da Síndrome da Fibromialgia
Atualmente cada vez mais pessoas são diagnosticadas com fibromialgia (FM) que é uma síndrome complexa e multifatorial caracterizada por dor crônica generalizada e uma constelação de manifestações somáticas e psicológicas, incluindo fadiga, rigidez articular, distúrbios do sono, depressão, ansiedade , distúrbios gastrointestinais e cognitivos.
Os critérios diagnósticos foram atualizados recentemente pelo American College of Rheumatology, e é reconhecida como uma das condições de dor crônica mais comuns e a segunda causa mais frequente de visitas a reumatologistas após a osteoartrite.
Pode ocorrer em qualquer idade com prevalência de 2 a 8% na população adulta geral, sendo mais comum em mulheres do que em homens, com proporção de 2:1. A etiologia da FM ainda é desconhecida e a fisiopatologia incerta.
A principal hipótese é de que a FM é um “distúrbio de dor central”, com alterações na função do sistema nervoso central levando ao aumento do processamento nociceptivo (codificação e o processamento dos estímulos ambientais físicos e químicos ou patológicos que resultam na dor). Além disso, evidências recentes sugerem que a inflamação sistêmica de baixo grau, uma preponderância do estado pró-oxidativo e uma capacidade antioxidante insuficiente, podem contribuir para o desenvolvimento da doença, reduzindo o limiar de dor e induzindo a fadiga e aos distúrbios do humor.
Atualmente, nenhum gene predisponente foi encontrado, mas foi relatado que vários fatores ambientais, como traumas psicológicos e físicos ou certas infecções, podem desencadear o desenvolvimento e influenciar a gravidade da FM por meio de mecanismos epigenéticos.
O manejo da FM requer uma abordagem multidisciplinar combinando estratégias farmacológicas e não farmacológicas. Entre as estratégias não farmacológicas, evidências crescentes sugerem um potencial papel benéfico para a nutrição.
A análise da literatura mostrou que o papel dos suplementos alimentares permanece controverso, embora ensaios clínicos com suplementação de vitamina D, vitamina C e E, magnésio, ferro e probióticos apresentem resultados promissores.
Em termos de intervenções dietéticas, a administração de azeite, a dieta de substituição com cereais antigos, dietas hipocalóricas, dietas vegetarianas, a dieta low-FODMAPs, a dieta sem glúten, a dieta sem glutamato monossódico e aspartame e a dieta mediterrânea dieta parecem ser eficazes na redução dos sintomas da FM, como melhora significativa na dor crônica, ansiedade, depressão, função cognitiva, padrão de sono e sintomas gastrointestinais.
Além disso, a perda de peso parece estar associada tanto à redução da inflamação quanto à melhora da qualidade de vida em indivíduos com FM, sugerindo, assim, que o peso corporal poderia ter repercussão funcional nesses pacientes.
Portanto, o fato de a melhora ter sido alcançada por meio de diferentes estratégias alimentares pode levar à hipótese de que tanto a perda de peso quanto o componente psicossomático da doença possam ter um papel importante na doença. Além disso, todas essas dietas são geralmente consideradas como modelos alimentares saudáveis, ricos em alimentos vegetais, antioxidantes ou fibras, de modo que o fato de as pessoas terem experimentado uma melhora nos sintomas após quase todas as intervenções dietéticas sugere que uma dieta adequada pode desempenhar um papel crucial na gestão do FM.
Referências
Pagliai G, Giangrandi I, Dinu M, Sofi F, Colombini B. Nutritional Interventions in the Management of Fibromyalgia Syndrome Nutrients 2020 Aug 20;12(9):2525. doi: 10.3390/nu12092525.
Nutricionista
Diretora PratiEnsino
Preceptora de residência clínica (HUPE/UERJ)
Especialista em nutrição clínica estética e saúde da mulher
