Ação do cacau na saúde óssea
O cacau possui alta capacidade antioxidante e anti-inflamatória. Possui diversos compostos bioativos, como os flavonoides, os quais existem evidências de que o seu consumo pode promover saúde óssea.
A diminuição da massa óssea e aumento do risco de fraturas ósseas tornam-se mais comuns com o envelhecimento. Essa condição está frequentemente associada à osteoporose e é causada por um desequilíbrio na reabsorção óssea. Alguns nutrientes conhecidos para a saúde óssea incluem o cálcio, o fósforo, a vitamina D e o magnésio.
O cacau, por ser fonte de magnésio (50g contém 275mg de magnésio), parece assim auxiliar na formação óssea através da manutenção do equilíbrio ácido-básico, crucial para a integridade da saúde óssea. O magnésio também influencia nos níveis de calcitonina, hormônio secretado pela paratireoide que regula os níveis de cálcio no sangue, e da vitamina D, essencial na absorção de cálcio pelo organismo.
Um estudo experimental, que teve como objetivo avaliar os efeitos da suplementação com cacau nos parâmetros ósseos na prole de ratas Wistar submetidas ao desmame precoce, verificou que o desmame pode prejudicar a estrutura e resistência femoral, e que a suplementação com 10% de cacau em pó promoveu aumento da qualidade óssea em ratas em idade reprodutiva. Para a devida realização do experimento, após o nascimento dos filhotes, mães e ninhadas foram divididas em quatro grupos cada um formado por uma mãe e seis filhotes. Dividiram então: controle, controle suplementado com cacau, desmame precoce e desmame precoce suplementado com cacau.
Após o desmame, os filhotes foram acompanhados até completarem 90 dias de vida. Após esse período, as medidas de composição corporal e parâmetros ósseos foram determinadas. Os grupos desmamados precocemente apresentaram menor massa gorda e menor percentual de gordura corporal. Os grupos suplementados com cacau apresentaram maior massa magra. Nas propriedades biomecânicas, a força de ruptura do grupo desmamado e suplementado com cacau foi menor quando comparado ao grupo controle e suplementado com cacau. O grupo desmamado e suplementado apresentou módulo elástico menor que o grupo controle e suplementado, e maior que o grupo que foi somente desmamado, sem intervenção, o que reflete maior resistência ao risco de fraturas.
Uma das formas mais frequentes em consumir o cacau é na forma de chocolate. Assim, é essencial ressaltar que a concentração de cacau varia muito entre os diversos tipos de chocolate disponíveis no mercado. A quantidade de cacau no chocolate depende das características genéticas do mesmo, do clima de cultivo, além do processamento de produção do chocolate. No entanto, o chocolate possui outros componentes, como a cafeína e alguns deles ainda tem adição de açúcar, os quais são substâncias capazes em reduzir a absorção de cálcio, aumentar sua excreção pela urina e diminuir a atividades das células osteoblásticas, as quais são responsáveis pela modelação óssea.
Apesar da existência destes fatores antinutriconais, baseia-se que o maior teor de flavonoides, o uso de cacau em pó sem açúcar e chocolate amargo com maior teor de cacau terão um melhor efeito em preservar a saúde óssea. Um estudo de revisão publicado na revista Nutrition sobre a influência dos compostos presentes no chocolate na saúde óssea demonstrou que os componentes do cacau, como flavanóis e minerais, quando consumidos na forma de chocolate amargo, podem auxiliar a preservar a saúde óssea.
No entanto, mais do que em qualquer suplementação isolada, a adoção de um estilo saudável é essencial para a saúde óssea. Além da prática de exercícios físicos, do abandono do tabagismo e da redução do consumo de álcool, a ingestão de nutrientes envolvidos na saúde óssea pode proporcionar melhor qualidade de vida.
Referência
Seem SA, Yuan YV, Tou JC. Chocolate and chocolate constituents influence bone health and osteoporosis risk. Nutrition. 2019;65:74–84. doi:10.1016/j.nut.2019.02.011
Cardoso et al. Suplementação pós-natal com cacau melhora a qualidade óssea de ratas submetidas ao desmame precoce. Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p. 28065-28079, nov. 2019.

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